quinta-feira, 8 de julho de 2010

Cazuza Eternamente

Ontem, 7 de julho, fez 20 anos que perdemos Cazuza, astro do Rock Nacional, também conhecido por suas canções admiráveis.Quem me conhece sabe que sou completamente fã do cantor e compositor. Considero-o um dos letristas de maior sensibilidade da MPB.
Tenho um livro que conta a biografia de Cazuza. Anos atrás, escrevi uma resenha sobre o livro que foi publicada no antigo site "LEIA O LIVRO", hoje já fora do ar, infelizmente. Como gostei muito da obra, postarei a resenha aqui, como um convite para que vocês, leitores do blog,possam conhecer - e quem sabe se aventurar na leitura- deste livro fantástico. Espero que gostem da sugestão:


“MEIO BOSSA-NOVA E ROCK N` ROLL”

Esta é a melhor definição para o livro “CAZUZA – SÓ AS MÃES SÃO FELIZES” de Regina Echeverria. Em um misto de agito e emoção é narrada a vida do nosso querido roqueiro e “poeta” ou, como ele gostava de ser chamado, letrista de todos os tempos: CAZZUZA!Esta obra é um belíssimo trabalho da biógrafa Regina, autora também da biografia Furacão Elis da Editora Globo. A jornalista transforma os depoimentos de Lucinha Araújo – mãe do roqueiro – em uma linda e emocionante prosa em primeira pessoa.
Objeto influenciador do filme “Cazuza – O Tempo não Pára.” de Daniel Filho, sucesso de bilheteria nos cinemas em 2004, o livro nos prende pela sua carga emocional pois a história é contada sob o ponto de vista de Lucinha. Logo, são transmitidas ao leitor todas as alegrias e angústias dessa maravilhosa e corajosa mãe que, segundo suas próprias conclusões no epílogo da obra, se errou na criação de seu filho foi por excesso de carinho, e não pela falta.
Em um estilo Machadiano, a narrativa começa com a dolorosa morte do “poeta”e retrocede para o início de tudo: desde os tempos de juventude de Lucinha Araújo, seu namoro com João, o casamento e a gravidez dela na qual foi capaz de gerar aquele garoto que mudou o mundo. Depois, nos é contada a infância e adolescência do menino “Caju” ( como era chamado entre amigos e parentes), sempre impulsivo, exagerado mas amante da vida como poucos. Ele foi capaz de extrair deste mundo tudo o que ele tinha a lhe oferecer, tanto de bom como de ruim, e por isso morreu jovem. Em 32 anos conseguiu viver o que levaremos talvez 90 para viver.
Sua morte rápida e sofrida foi devido a Aids em uma época em que a medicina ainda caminhava para o seu tratamento. Mesmo assim, tentou vencê-la até o fim. Não conseguiu mas está eternamente imortalizado por sua legião de fãs que até hoje o ama e por novas gerações de admiradores. Os filhos dos fãs já são também fãs.
No entanto, a leitura desta biografia é importante não apenas para quem gosta do Cazuza nem, tampouco, para aqueles apreciadores de um bom Rock Nacional. Durante a leitura somos conduzidos a diversos sentimentos por este compositor: raiva, ódio, amor, admiração, felicidade.... Mas em nenhum momento o sentimento de pena nos invade pois a coragem e determinação de Cazuza e sua mãe nos ensina muito, suas ideias e atitudes nos destroem, eliminando qualquer forma de preconceito que tínhamos ao abrir a primeira página.Ao chegar na última, você já estará completamente envolvido e apaixonado por esta pessoa que era cheio de defeitos como todos, rebelde e impulsivo como muitos mas consciente de suas fraquezas e desprovido de hipocrisias como poucos.
A vida e a obra de Cazuza demonstra aos leitores que como afirma o professor José Emílio Major Neto em sala de aula “a vida é uma escolha e toda escolha exige uma perda.” A morte de Cazuza foi apenas consequência da vida que ele escolheu. Mas será que ele seria o mesmo se vivesse de outra maneira? Somente após a leitura da obra você será capaz de responder. Aceite o desafio e divirta-se.

CAZUZA – Só as mães são felizes
Lucinha Araújo em depoimento a Regina Echeverria
Editora Globo,1997 ou 2004.

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