terça-feira, 13 de abril de 2010

Minha história- parte 1:Superação é melhor do que vingança

Já faz um tempo que não escrevo aqui,já estava com saudades,viu? Rs....Ossos do ofício, tenho estudado muito, mas, espero, que serei recompensada em breve....
Bem, hoje, começarei a contar minha história de vida, o início de tudo. Na semana passada, por acasos da vida,minha mãe reencontrou uma ex-terapeuta minha que não citarei o nome dela aqui por questões éticas. O fato é que essa terapeuta foi marcante em nosssas vidas - minha e de minha mãe - por razões não muito agradáveis, infelizmente. Quando eu iniciei meus estudos, frequentei por um ano uma "escola especial para crianças com necessidades especiais". Hoje, a Constituição e as políticas públicas tem proibido tais escolas com o objetivo da inclusão social. Atualmente, tem-se dado preferência a uma ESCOLA REGULAR COM TRATAMENTO ESPECIALIZADO DA CRIANÇA QUE ASSIM O EXIGIR. Afinal, a educação é o melhor caminho da inclusão, da convivência com as diferenças e o convívio de todos num processo de aprendizagem e descobertas.
No entanto, desde que eu nasci em 1983 pensamos dessa maneira aqui em casa. Como disse em post anterior, minha prima Dani foi muito importante para que eu pensasse assim. Sempre brincávamos juntas, desde bebê até o começo das escolas da vida. Só que ela foi para uma escola regular enquanto que eu, a especializada, por causa de minhas dificuldades. Todavia, meu convívio diário com a Dani me mostrou um grande problema social: enquanto ela já tinha pequenas tarefas escolares, eu apenas brincava com os coleguinhas. Nada de novo me era apresentado. Eu passava as manhãs na casinha de bonecas ou brincando com massinhas. Eu e todas as crianças da escola especializada,claro. Crianças que, como eu, tinham grandes potenciais para se desenvolver e crescer.
Bem, fui mostrando isso para minha mãe. Contava o que fazia na escola e reclamava por isso, sempre mostrei minha insatisfação perante a esse problema. Afinal, brincar é uma delícia para qualquer criança, mas, para isso,eu ficaria em casa, não precisava de escola para brincar somente.Sei que nessa idade,o lúdico se sobrepõe ao conteúdo. Contudo, as escolas regulares oferecem um lúdico pedagógico, algo que acrescente as crianças e era isso que eu não tinha na escola especializada. Mesmo pequena, notei que tinha algo de diferente, que não era correspondente a escola comum.
Então, atendendo aos meus pedidos, minha mãe me tirou dessa escola especializada. Só que, quando o fez, não teve apoio da terapeuta dona dessa escola. Ao contrário, minha mãe escutou barbaridades incríveis, ouviu que ela - minha mãe- estava sendo preconceituosa com as demais crianças, que eu jamais acompanharia uma escola comum, que ela iria me magoar, me ferir, etc... por querer me mostrar um caminho que seria impossível, vez que EU JAMAIS ACOMPANHARIA UMA ESCOLA REGULAR. Minha mãe, chorou, sofreu, mas não desistiu. EU QUERIA ISSO e ela ESTAVA DO MEU LADO, ME APOIANDO.
Depois disso, passei por escolas regulares pequenas com métodos pedagógicos alternativos, mas que me alfabetizaram sim. Eram escolas pequenas porque os médicos assim recomendaram, a fim de que eu tivesse mais atenção. Acontece que eu sou uma pessoa que adora estar no meio de muita gente, de conhecer pessoas, lugares, de se sentir mais uma no meio da multidão.Sou, ainda, uma pessoa que busca grandes desafios, que quero sempre mais, que ousa a cada atitude, que enfrenta a tudo e a todos sem medo. E, foi,assim, que encontrei minha escola querida, o COLÉGIO AGOSTINIANO MENDEL!!!!!!Um colégio mais do que tradicional e rigoroso, um colégio grande, um colégio que muitos têm medo de não conseguir acompanhar, outros, o recusam por achar que não teria infância estudando lá. MAS,EU QUIS. E a maior razão não era o rigor do ensino, nem os vestibulares. Eu me encantei pela escola quando ali adentrei pela 1ª vez. Fiquei maravilhada ao ver tantas crianças correndo e brincando. Eu me enxerguei, me identifiquei ali com elas.
E, graças a Deus, nada foi diferente. Logo fiz amizade com minha querida amiga Larissa e minha outra amiga do peito Bruna Balbi.Elas sempre me ajudaram, sempre me incluíram, me fizeram participar da vida. Aliás, eu e a Bruna aprontávamos muito naquela escola, "corríamos rampa abaixo" e muitas outras artes que qualquer criança faz. A Bruna nunca fez de minhas dificuldades um empecílio para aprontar, para fugir e para levar bronca depois, lógico!Rs... Foram muitas, não Bruninha?
Com a meiguice da Lá, aprendi muito também. Aprendi que felicidade e beleza é algo que está dentro de nós, aprendi que a vida nos apresenta como nós a enxergamos, aprendi que o que vale mesmo é o que está dentro de nós. Minha mãe sempre me conta que, a mãe da Lá, a minha querida Astrid, lhe disse certa vez que a Larissa sempre falava de mim para a mãe sem mencionar que eu era cadeirante, só pelo meu nome. E que, quando a Astrid me viu pela 1ª vez, questionou a filha se por acaso ela já tinha visto aquela menina na cadeira de rodas. Surpreendentemente, a Lari disse para a mãe: "Mas, ESSA É A MINHA AMIGA MARCELLA!!!!!!!!"Rs....
Bom, não preciso dizer mais nada. Me emociona só de lembrar o quanto essas duas primeiras e grandes amigas são FUNDAMENTAIS PARA MEU SUCESSO ATÉ HOJE. Não tecerei elogios, vistos completamente dispensáveis. Apenas digo que a Bruna Balbi e a Larissa Kumpp são um tesouro em minha vida,presentes que Deus me enviou e que conservo com muita satisfação por toda a vida.
Lari, você é magnífica, é minha irmã fora de casa,minha afilhadinha de crisma mais querida e é a pessoa com quem aprendo a cada dia. Nós nos conhecemos na infância e permanecemos amigas até hoje. Vivemos e convivemos em todas as fases da vida, dividimos problemas e alegrias. Nos divertimos muito, brigamos muito também,né? Mas cada etapa só serviu para nosso amadurecimento e para fortalecer nossos laços de amizade. Tenho você sempre comigo, todos os dias. Desejo sua felicidade e seu sucesso. Tenho muito orgulho de você, Dra. Cirurgiã!!!!!!!!!
Bruninha, são incontáveis os momentos inesquecíveis que passamos juntas. Dentre tantos, acredito que os melhores foram na escola e na minha chácara. Em cada canto de Ibiúna me remete a você. O carnaval, a piscina, a horta, as flores, TUDO!!!! Aproveitamos tudo de melhor nesta vida,não é mesmo. Ter perdido você na sala de aula pelas circunstâncias da vida não impediram a preservação de nossa amizade. Adoro muito você, admiro sua força perante as dificuldades da vida, sua consciência, seus princípios, valores e fé. E, torço para que seja feliz, linda e livre como você é!!!!!!!!
Então....Voltando ao início da mensagem, acho que a resposta para a terapeuta citada veio com o tempo.... EU FINALMENTE VENCI!!!!!!EU ME SUPEREI!!!!!!!
O querido professor José Emílio,certa vez, disse que "a vida é muito mais de não do que de sim".E, como sempre, ele tem razão. Acontece que o NÃO é um desafio para mim, a cada não eu apenas luto, corro em direção de meus desejos e, ao final, VENÇO COM DIGNIDADE!!! Eu enfrentei a escola regular, eu fui aprovada no Vestibular no MACKENZIE, eu estudei Direito e eu FUI APROVADA NO EXAME DA OAB-SP de primeira!!!!!!!!Ainda bem que minha mãe acreeditou em mim, ainda bem que ela não deu ouvidos ao preconceito, ainda bem que segui em frente e é essa a postura que adoto em tudo que faço.
Eis a verdadeira inclusão social. O sofrimento é tão necessário quanto as alegrias.Com o sofrimento aprendo muito mais, o sofrimento nos conduz a uma luta nossa contra nós mesmos e torna a vitória muito mais saborosa.
O ser humano é tão bom e puro como as crianças, como essas crianças que conheci e confiei. É, confio nas pessoas, até que me provem o contrário e não vou mudar. Acho que tenho minhas razões, tenho grandes amigos ao redor de mim.
Por hoje é isso, já digitei demais....

3 comentários:

  1. Má... incontáveis as lembranças mais inspiradoras para o meu presente e para meu futuro. Estaremos sempre juntas não é?! Q tal matar as saudades... vai um chazinho? rs Bjao

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  2. Fiquei emocionada com seu texto. Parabéns.Sinto orgulho pela amizade entre as nossas famílias.
    Um beijão

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  3. Bruninha e Sônia, que bom que gostaram do texto. Saibam que o que disse foi pouco perto do que vocês merecem. Muito obrigada por sempre me receberem com tanto carinho em suas vidas.
    E, Bru, desculpe-me a falta de tempo e as ausências. Prometo que logo, logo, passaremos um te´mpão juntas para compensar esse período complicado de nossas vidas. Mas, tenha certeza que estamos e estaremos sempre juntas,viu?
    Beijão.

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