sábado, 24 de abril de 2010

Aproveitando a vida!!!!

Boa tarde a todos! Nossa, tive uma semana cheia e nem tive tempo de passar por aqui. Embolei tantos assuntos, tenho tantas coisas para postar aqui.Mas prometo ir contando,"devagar e sempre", como costumo ser e como definiu minha querida e eterna professora Maria Lígia Mathias do Mackenzie.
Queria falar sobre os últimos presentes que a personagem Luciana da novela "Viver a vida" ganhou recentemente. Dias atrás, ela ganhou uma "handbike" e ontem ela ganhou uma cadeira motorizada igual a minha. Nossa, vê-la toda feliz nesses presentes me trouxeram tantas lembranças deliciosas que eu não poderia deixar de registrar aqui.
Bem,a "Handbike" eu nunca tive. Porém, quando criança eu tive um carrinho de fórmula 1. Ele era lindo, era igual ao dos corredores das corridas de verdade. Era vermelhinho e ficava na minha casa, no meio da sala. Eu amava passar o dia lá. O dia e a noite se me deixassem.Eu não conseguia andar com ele, tirá-lo do lugar. Mas não me importava com isso. Ele ficava em frente a Televisão. Eu ficava por horas ali sentadinha, até fazia minhas refeições no carrinho. Eu sentava nele e ia longe....O carrrinho não saia do lugar, é verdade, mas minha imaginação ia longe, eu me imaginava correndo por pistas e mais pistas. Sei que, dei tanto trabalho a minha mãe por causa desse brinquedo, por só querer fazer isso e por querer entrar nele quando nem cabia mais, que ela o deu para outra criança sem me consultar.Rs... Fiquei decepcionada na hora, fiz um escândalo, mas agora eu a compreendo. Sei que aproveitei aquele brinquedo até quando pude.
Tive, também, uma motoca. Aquela que as crianças têm antes de andar de bicicleta, são de plástico.Conhecem? Então, eu tive uma. A minha era vermelha, amarela e preta. Preto era o banco. Um banco diferente, com um encosto maior. No pedal, meu pai fez uma sandalhinha para que eu pudesse amarrar meus pés ali. Colocou, também, um barbantinho na frente para que alguém pudesse me puxar e movimentar a motoca. Quando me empurravam, os pedais mexiam juntamente com meus pés presos. Nossa, era muito bom, uma sensação maravilhosa!!!!!Como brinquei nessa motoca pela casa, no quintal e na varanda da casa. Nessa época eu morava em um sobradinho no bairro do Tatuapé E APROVEITEI MUITO ESSA CASA. Até hoje lembro-me dela!!!!!
Por fim, a cadeira motorizada. Nunca me esquecerei o dia em que ganhei minha primeira cadeira de rodas motorizada. Foi presente de aniversário de meus pais, presente de 12 anos no dezembro de 1995!!!!!Eu fui até a loja para experimentar, quando sentei nela tive uma sensação estranha, boa e ruim. Boa, pela autonomia que adquiri e ruim porque me desesperei ao ver como era difícil comandá-la. Fiquei desesperada, achava que nunca iria conseguir movimentar aquela coisa. Eu cheguei até a quebrar uma torneira que tinha no "playgraund" do meu prédio lá no Tatuapé. Deixei aquilo jorrando água, foi uma farra minha e de meus amigos de lá do Világio.Aliás, farra fizemos com a cadeira. Foram dias de treinamento no prédio e na garagem até que eu conseguisse sair com ela.Todas as crianças sentaram um pouco no meu lugar, era um revezamento fantástico, nos divertimos muito. Demorei a entender, mas, quando percebi que era como um "joy stick" de "videogame" tudo ficou mais fácil.Rs.. Verdade, o controle da cadeira é igual àquele do "videogame" ATARE, aquele bem antigo, sabem? Rs... Então, quando percebi isso, aprendi rápido porque sempre gostei muito de "videogame", participava de campeonatos com os meninos do prédio, apesar de nunca vencer, sempre consegui participar.
Treinei as férias todas e quando retornei à escola em 1996, na sexta série, já estava completamente motorizada e sabia conduzir a cadeira de rodas com habilidade. E ela me trouxe muita autonomia, independência. Fui muito feliz nessa nova fase de minha vida. Sexta série!!!Nossa!!!!Eu, a Larissa, a Bruna e o Kaíke( um grande amigo meu dos tempos de escola) temos grandes histórias dessa época. Grandes aventuras, grandes enrascadas, grandes histórias de amor, nossa...Muitas e muitas coisas lindas mesmo que permanecem até hoje em nossos corações. E, tenho certeza, que a independência que tive com essa cadeira motorizada muito contribuiu para isso. Hoje, quando preciso sentar na cadeira comum, vejo o quanto evoluí podendo adquirir uma cadeira de rodas motorizada, o quanto ela me libertou, o quanto me sinto livre e independente com ela.Realmente, esta cadeira foi meu presente de aniversário mais especial. Depois daquela tive outras cadeiras,cada uma é uma alegria, uma novidade para comemorar. Contudo, a sensação que tive no contato com aquela 1ª cadeira vinho, como a da personagem Luciana, é inesquecível para mim.
Fico pensando na quantidade de pessoas que conheço que queriam ter uma cadeira como essas, mas não podem comprar porque ela é muito cara. Uma pena,não? Saber quantas oportunidades elas perdem por não conseguir ter. Acho a desigualdade social de nosso país uma das maiores crueldades humanas. Afinal, em que sou diferente de meu semelhante, tão próximo a mim, para merecer este "privilégio"? Dinheiro não é sinônimo de felicidade, é verdade. Mas não deixa de ser mentira que em uma sociedade capitalista ele acarreta um conforto material que acaba trazendo melhor qualidade de vida.
Infelizmente, não posso mudar esta realidade. Faço, apenas, a minha parte.Quando troco minhas cadeiras ou aparelhos de reabilitação para outros mais modernos, não jogo os velhos no lixo, nem os vendo. Mesmo por preço reduzido, por ser usado. Não vendo nada. Eu doo. Se conheço alguém que precisa de verdade, doo para ela. Do contrário, chamo alguma daquelas entidades que cuidam de pessoas com deficiência. Sei que a Casa André Luiz, por exemplo, não só aceita como vem buscar as doações assim que solicitadas.
E, minha querida amiga cadeirinha motorizada vinho, que me trouxe tantas alegrias e novas sensações, hoje está fazendo o mesmo no Estado do Piauí, com um rapaz que é sobrinho do manobrista do estacionamento aqui ao lado do prédio que moro atualmente. O manobrista me disse que seu sobrinho está muito feliz, andando para cima e para baixo com ela. Que bom. Quem ficou mais feliz fui eu ao saber da boa nova. Saber que fiz a minha parte, que fiz uma pessoa ser ainda mais feliz!!!!!!!
Acho que paro por aqui.Peço, apenas, desculpas pela falta de tempo. Contudo, não deixem de acessar e de divulgar este singelo blog porque ainda tenho muitos temas a abordar....
Boa noite e bom domingo a todos!!!!!!!

3 comentários:

  1. Assim como você se demonstra ser, suas palavras são magníficas! Desde as lembranças com o carrinho de fórmula 1, passando pela motoca, até a bondade que emana de seu coração ao pensar no próximo.
    De fato, a desigualdade social é algo chocante. Mas Má, podemos mudar isso, mesmo que a tarefa seja árdua e lenta. Sem dúvidas, seu ato generoso de sempre pensar no próximo já é um instrumento para essa mudança.
    Blog fantástico.
    Como lhe disse no e-mail: passarei a ser "frequentador" assíduo do seu blog, e vou divulgá-lo amplamente, difundindo suas idéias, seu bom coração e sua força e experiência de vida.
    Continue nos brindado com suas palavras.
    Deixo aqui um forte abraço, desejando-lhe ótima semana.

    Filipe Silva Santos

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  2. Belo post, Marcella! Suas obsevações foram mto bem colocadas, e abordar a infância é uma tarefa sempre divertida! Parabéns por se lembrar da desigualdade em nosso país; de fato, ela nos envergonha, mas cabe a nós e a pessoas como vc, caridosas, mudar pra melhor essa realidade! Mais uma vez, parabéns!

    Beijos.
    Lucas.

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  3. Filipe, muito obrigada pelas palavras, espero que o blog o auxilie em alguma coisa.É um prazer tê-lo aqui e tê-lo como colega de sala. Bem-vindo!!!!!!!!
    Lucas,seus comentários são sempre muito úteis para mim, meu amigo. Eu o considero muito sensato e sincero.Muito obrigada!!!!

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