terça-feira, 25 de maio de 2010

Adoção: um ato de amor!

Hoje, decidi falar sobre o tema da adoção. Como todos já devem ter lido nos jornais e revistas ou ouvido nos noticiários da TV, recentemente, foi descoberto que uma Procuradora espancava sua filha, criança que estava sob sua guarda com vistas à adoção.
Pois bem. Este triste fato tem feito as pessoas desacreditarem na Justiça.Afinal,como uma pessoa com esse perfil poderia adotar uma criança? Durante alguns meses, estagiei na Promotoria de Direitos Difusos e Coletivos da Infância e Juventude da Capital. Lá, auxiliei os Promotores a emitirem pareceres sobre adoção internacional. Lembro-me que tentávamos tomar todo cuidado possível na análise, lia os pareceres dos psicólogos e dos assistentes sociais, lia os perfis dos candidatos à adoção. Enfim, exercia este trabalho com o máximo de responsabilidade e sensibilidade para evitar equívocos deste tipo. Mesmo porque, no caso da Promotoria que estagiei, a criança seria retirada do país, o que exigia maior precaução.
Da leitura de relatórios, porém, normalmente encontrava pessoas que realmente queriam ter um filho, que lutavam há anos para isso, mas, infelizmente, não obtinham êxito em seu desejo. Decidiam, então, adotar um filho. Esta criança era tão querida, tão desejada, que dificilmente seria mal tratada.Como já acompanhei processos de adoção, muito próxima a Promotores e Juízes de Direito, penso que a justiça pode ter falhado sim no caso da Procuradora, afinal, a justiça é feita por seres humanos, pessoas de carne e osso que são sujeitas a erros. Contudo, penso também, que a personalidade dessa pretensa mãe provavelmente não estava demonstrada no procedimento da adoção.
Mesmo compreendendo um pouco a situação, creio que este caso deve servir como exemplo para que se evitem falhas deste teor novamente. O que aconteceu foi muito grave. Deve ter afetado o psicológico desta criança. Imaginem o que ela deve pensar a respeito de ter uma família e uma mãe? Como ela está após ter sofrido rejeição de uma mãe e ser torturada por outra? O que ela pensa sobre a vida? Será que espera alguma coisa dela?
O que todos nós- operadores do Direito ou não- devemos refletir com essa triste história é o verdadeiro sentido da adoção e de constituir uma família. Adotar deve ser, acima de tudo, um ato de amor. Deve ser dar todo o carinho de mãe ou de pai que há dentro de uma pessoa que não pode ter filhos de maneira natural. A maternidade/paternidade não está na biologia ou no vínculo sanguíneo, está sim, em um processo de doação, doação de amor, carinho e afeto.
A adoção não pode ser vista de forma egoísta, para suprir nossas necessidades ou carência afetiva. Ela exige preparo emocional e psicológico porque estamos trazendo para nossas vidas uma pessoa que, apesar da pouca idade, já teve contato com muitas dificuldades, com o lado mais duro da vida. O que ela quer é, simplesmente, uma oportunidade de ser feliz.
Assim, antes de tomar uma atitude tão importante na vida é necessário, antes de tudo, preparo de quem adota. Cabe a Justiça não apenas fiscalizar o ato, mas também, auxiliar os pais pretendentes a adoção neste preparo. Sei que são exigidas palestras e cursos para essas pessoas, explicando sobre a adoção antes de se trazer a criança para casa. Anteriormente a decisão do Magistrado, o Ministério Público emite parecer a respeito de cada caso, lendo e fiscalizando meticulosamente o pedido dos futuros adotantes. E, o Juiz, analisa a convivência do adotado com sua nova família durante alguns dias, para, caso esteja de acordo, autorizar a adoção. Logo, se cada um fizer sua parte, exercendo seu papel com consciência do que se está fazendo e com responsabilidade, casos como o da Procuradora em questão não se repetirão.
Sou completamente a favor do instituto da adoção. Creio que seja um ato de amor profundo, uma troca incrível. Se as normas forem rigorosamente seguidas, muitas crianças teriam a melhor família do mundo, aquela que esperam por elas.Tomara que tragédias como a relatada aqui não estraguem um dos gestos mais bonitos e nobres que é o da adoção.

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