quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Música: RETRATO EM BRANCO E PRETO

RETRATO EM BRANCO E PRETO

Composição: Chico Buarque
Música: Antônio Carlos Jobim

Já conheço os passos dessa estrada
Sei que não vai dar em nada
Seus segredos sei de cor
Já conheço as pedras do caminho,
E sei também que ali sozinho,
Eu vou ficar tanto pior
E o que é que eu posso contra o encanto,
Desse amor que eu nego tanto
Evito tanto e que, no entanto,
Volta sempre a enfeitiçar
Com seus mesmos tristes, velhos fatos,
Que num álbum de retratos
Eu teimo em colecionar
Lá vou eu de novo como um tolo,
Procurar o desconsolo,
Que cansei de conhecer
Novos dias tristes, noites claras,
Versos, cartas, minha cara
Ainda volto a lhe escrever
Pra lhe dizer que isso é pecado,
Eu trago o peito tão marcado
De lembranças do passado e você sabe a razão
Vou colecionar mais um soneto,
Outro retrato em branco e preto
A maltratar meu coração


Ainda permaneço numa fase “Chico Buarque” porque estou fazendo a coleção sobre o compositor da editora Abril. Como tenho ouvido muito o Chico, estou com ele em mente. Depois, prometo falar de outros cantores de que também gosto muito. Aguardem....
Bem, “Retrato em branco e preto” me marcou muito desde a primeira vez que a ouvi. Foi no curso pré-vestibular, no Anglo, e a aula era do prof. Fred. Acreditem que ainda lembro dele explicando esta música?
Sei que tenho a tendência de gostar de música de amores mal resolvidos e que isso, ás vezes, é meio depressivo. Mas essas canções, quando bem escritas como as de Chico Buarque, me fascinam. Fico pensando como esses poetas geniais conseguem transpor em palavras – e no caso de Chico sempre metricamente perfeitas e ritimadas – sentimentos tão simples e corriqueiros e fatos do cotidiano.
Nesta canção, por exemplo, o compositor nos mostra a fragilidade do eu lírico em relação a pessoa amada. Ele sabe que sofre, sabe que não vale a pena este sofrimento e, mesmo assim, ainda se corresponde com ela.Ainda a procura. Ele vive aquela briga do eu interior com o eu exterior, da razão com a emoção. A letra da música trata daquela fase pela qual todo mundo passa quando termina um relacionamento. Aquela época em que temos prazer em sentir a dor da perda.
Outra questão curiosa a respeito da canção diz respeito ao título da música. A música foi composta pelo maestro Tom Jobim. A biografia de Chico conta que o parceiro Tom questionou o compositor sobre o título da canção.Disse Jobim que era estranha a expressão “retrato em branco e preto”, vez que o comum é dizermos sempre “preto e branco”. Chico contestou afirmando que, para tanto, teria que mudar os versos finais para “vou colecionar mais um tamanco. Outro retrato em preto e branco a maltratar meu coração.”Então, a escolha da expressão “branco e preto” foi utilizada para rimar com a palavra “soneto”. Uma escolha singela, porém, genial como as canções de amor de Chico Buarque de Holanda.
Ah! Ainda não postei “Construção” porque pretendo pesquisar um pouco sobre ela antes. Talvez, consigo para o próximo post sobre música.
Espero que tenham gostado.....

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