sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Saboreando as coisas mais simples....

BELO, BELO

Belo belo belo,
Tenho tudo quanto quero.
Tenho o fogo de constelações exitintas há milênios.
E o risco brevíssimo – que foi? passou! – de tantas estrelas cadentes.
A autora apaga-se,
E eu guardo as mais puras lágrimas da aurora.
O dia vem, e dia a dentro
Continuo a possuir o segredo grande da noite.
Belo belo belo,
Tenho tudo quanto quero.
Não quero o êxtase nem os tormentos.
Não quero o que a terra só dá com trabalho.
As dádivas dos anjos são inaproveitáveis:
Os anjos não compreendem os homens.
Não quero amar,
Não quero ser amado.
Não quero combater,
Não quero ser soldado.
- Quero é a delícia de poder sentir as coisas mais simples.
(MANUEL BANDEIRA)


Tanto o poema como o autor me emocionam demais. Eles têm tudo a ver comigo, com o que penso e sinto. Mas, tem a ver também com uma amiga mais do que especial em minha vida: a Miriam.
Já falei brevemente sobre a Miriam neste blog. Disse que ela é minha “amiga cultural”, mas agora contarei nossa linda história....
Assim como a Manu, conheci a Miriam em um curso preparatório, só que para o Vestibular, nosso tão querido Anglo! Acho engraçado por conseguir encontrar amizades sinceras em ambientes competitivos. Isso me ensina a acreditar na vida e no ser humano.
A Miriam foi minha grande conquista do ano de 2002. A amizade da Mi vale muito mais do que qualquer exame ou curso, mais do que a aprovação no Largo São Francisco. A amizade da Miriam é para a vida toda e não dura apenas 5 anos.
Conheci a Miriam durante o curso, conversávamos pouco no primeiro semestre, mas lembro-me dela, sempre amorosa para com os colegas de sala (e comigo também), estudiosa, esforçada, como ela é até hoje. A Mi nunca se importou com a competitividade da ocasião, nem tinha inveja dos colegas e essa qualidade me fez admirá-la demais, rara entre os seres humanos. No segundo semestre, fomos nos aproximando cada vez mais porque a Vânia já tinha sido aprovada no Mack e eu precisava de ajuda e de novas amizades. Eu e a Mi tínhamos afinidades com a Literatura e um amor platônico pelo nosso querido e eterno professor José Emílio, o que proporcionou uma aproximação maior. Dessa fase inicial de amizade, tenho dois episódios marcantes para contar. Tentarei resumi-los aqui:
O primeiro deles foi em novembro de 2002. Eu tinha prestado vestibular em uma Faculdade (que não falarei o nome por razões éticas) que não quis atender minhas solicitações de condições especiais para fazer a prova. Como eu briguei, lutei e insisti por meus direitos de pessoa com deficiência, fui “tirada” do processo seletivo, mesmo tendo atingido a pontuação necessária. Aquilo me doeu, me fez querer desistir de tudo, não tentar mais lutar por meus sonhos. Eu tinha 18 anos e, pela primeira vez, sentia o preconceito tão de perto, já que das outras vezes, meus pais lutaram por mim. Era a primeira vez que me senti no fundo do poço, desejando desaparecer da vida e “jogar tudo para o alto”.
Nosso querido José Emílio sempre foi um professor sensível, indignado e provocador. Suas aulas mexiam conosco, nos fazia refletir (ainda escreverei sobre ele aqui). Depois do ocorrido na prova, a aula dele me tocou. Ele analisava um poema do Bandeira cujo verso é “a vida inteira que podia ter sido e que não foi”. Emílio disse em aula que “a vida era muito mais de NÃO do que de SIM”. Aquilo me fez chorar, tendo em vista que dias atrás aconteceram os fatos anteriormente descritos. Ao fim da aula, fui conversar com ele, que me ouviu, disse palavras ternas de apoio e incentivo. Enquanto isso, a sala toda do Anglo chorava comigo pelos corredores, inclusive a Miriam, que, por ser uma das poucas a saber o que aconteceu exatamente, sabia o quanto todo aquele momento foi difícil e especial para mim. Tenho certeza de que este episódio é um grande marco da amizade entre mim e a Mi. A história lhe tocou e ela sofreu comigo, eu sei disso.
Desde então, nossa amizade foi crescendo ainda mais. Conversávamos horas e horas por telefone. Eu continuei estudando no Anglo, lutando pelo esperado curso de Direito, enquanto ela iniciara o mesmo curso na PUC-SP.
Em junho de 2003, prestei o Mackenzie. Não fiz uma grande prova, não estava segura quanto a aprovação. Ao contrário, eu achei que, mais uma vez, meu sonho fora adiado para o fim do ano. O resultado estava previsto para o dia 15 de julho de 2003. Dia 14 passei a tarde na cama, sentindo um misto de ansiedade e de uma frustração antecipada por uma possível e provável derrota. Mas....
Lembro-me como se fosse hoje o som do telefone tocando no fim da tarde. Como disse, eu estava na cama pensando e esperando o dia seguinte, então, minha mãe atendeu. Era a Miriam. Ela estava muito empolgada, disse para minha mãe que eu tinha sido aprovada no curso de Direito do Mackenzie. Minha mãe, um pouco atordoada, me passou o telefone que atendi deitada mesmo. A Mi só gritava me desejando os parabéns. E eu, duvidei, achava que era brincadeira da parte dela porque ainda não era a data oficial do resultado. A Mi me mandou levantar e ligar o computador, para, depois, ligar para ela de volta.
Atendi o pedido dela e era verdade: MEU NOME CONSTAVA ENTRE OS APROVADOS DO TÃO ESPERADO CURSO!!!!!!!!!Eu não podia me conter de tanta felicidade! Retornei o telefonema de minha amiga e comemoramos e gritamos muito naquela ligação. Finalmente, eu tinha conseguido! Por fim, disse a Mi que a angústia e o sufoco tinham terminado. Porém, a Mi (sempre precavida) me alertou: “Não, querida, a batalha começou agora.”
Verdade. Este foi apenas o início de uma luta para o mercado de trabalho, luta esta que permaneço tentando. Só que tudo mudou. A partir deste dia eu sabia que eu não poderia desistir, que o melhor é sempre persistir aquilo que queremos, pois, ao cabo, tudo se resolve e com um sabor e emoção ainda maior do que se tivesse sido fácil. Até hoje, quando me deparo com um obstáculo, lembro-me deste episódio, do José Emílio, da choradeira na classe do Anglo, do telefonema da Mi e do ingresso na Faculdade para ter forças de seguir em frente. E, grande parte de tudo isso devo a Miriam por ter estado ao meu lado durante todo este processo: da angústia pela derrota ao êxtase da vitória.
Depois disso tudo, mesmo em Faculdades distintas, eu e a Miriam fomos construindo uma das amizades mais raras e preciosas para mim. Fomos juntas ao Anglo agradecer aos professores, coordenadores e funcionários do Anglo pelo apoio, “distribuímos panettones pelo Anglo” (Lembra, Mi?Rs...), visitamos o Emílio numa aula da tarde, soubemos da saída dele numa pizzaria comemorando meu aniversário e “demos uma choradinha” por isso.Rs...
Em 2004, começamos a trocar a Literatura pelas doutrinas de Direito e os Códigos. Contudo, essa alteração não mudou em nada nossa amizade. Foram muitos anos de amizade que só cresceu e continua crescendo a cada ano que passa. Ainda trocamos dicas culturais de filmes, música e obras literárias intercalados ao nosso ambiente jurídico, assistimos a muitos e inesquecíveis filmes nos cinemas de São Paulo, vamos a museus e exposições (algumas até em dia errado, né Mi?Rs...), tomamos muitos cafés e sorvetes juntas, compartilhamos aquisições de imóveis e mudanças de bairros ( Tatuapé, Veridiana, Angélica, Sto André e Campos Elíseos), passamos tardes deitas no quarto chorando e falando sobre a vida, dividimos amores e desamores,a espera do “homem de Praga” e a decepção com a “Praga de homem”, minhas decepções e angústias também no campo amoroso, etc...
Ao fim do curso de Direito, como não poderia deixar de ser, comemoramos minha aprovação no exame da OAB-SP JUNTAS e acompanhadas de meus grandes amigos Rubinho, Larissa, Robson e Maria Fernanda, no almoço mais longo de toda a história (das 12h às 17h). Rs...Mas valeu a pena, foi inesquecível.
E o melhor de tudo isso é a certeza de que o tempo nunca apagará esse sentimento tão especial que nos uniu. Ele só cresce. Não consigo mais imaginar minha vida sem compartilhá-la com a Miriam. Temos que rir ou chorar juntas e ouvir uma a opinião da outra.Nos escrevemos sempre, nem que seja para contar sobre nosso dia. Antes, via cartas, agora, por e-mail. A Literatura nos uniu e é ela que nos mantém amigas por tantos anos. Não só pelos gostos artísticos, mas principalmente porque “somos igualmente passionais e sonhadoras” (como costumamos dizer) como uma verdadeira protagonista de um livro literário, às vezes romântico; outras, realista, porém, sempre significativos.
A Miriam é forte, decidida, dedicada, independente, representa a mulher moderna do Século XXI sem abandonar a meiguice, a serenidade, o romantismo, a ternura da mulher antiga, “mirando-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas”, como afirma a famosa canção de Chico Buarque. E ela mescla essas duas faces muito bem, de uma maneira encantadora.
Amiga, sinto não conhecê-la desde pequena como meus outros grandes amigos. Mas tudo na vida tem seu momento e assim tinha de ser. Esta é a nossa história, né? E ela é linda e intensa. Você ocupa um lugar gigante de minha vida, é uma de minhas melhores amigas juntamente com amigos que conheci na infância e adolescência. Tenho muito orgulho de tê-la como amiga, aqui em casa todos te adoramos: eu, Sr. Dalton. Dona Ivani e Maria Giulia como parte da família. Conte sempre conosco.
Finalizarei a mensagem dizendo que espero que continue “sentindo a delícia das coisas mais simples”, como proclama o nosso inesquecível poeta. Não tenho a menor dúvida de que você será vitoriosa em todos os aspectos da vida, sejam eles profissionais ou pessoais. Basta acreditar em você, ser forte e lutar. Você é uma mulher maravilhosa e a vida já tem lhe mostrado isso por meio de suas conquistas no campo profissional. Este é só o começo de uma vida repleta de sucessos.
Feliz daquele que tem o prazer de conviver com você. Eu e a Vânia ( ela já me disse isso certa vez) adoramos ser suas amigas. Seu carinho e preocupação com quem quer bem nos emociona. E este é o principal motivo de eu não cansar de te dizer para deixar sua insegurança e “nóias de Heloísa” de lado e buscar sua felicidade, mesmo que seja à sua maneira, mas segura de quem é. Você é uma grande amiga, uma pessoa rara de encontrar.
MUITO OBRIGADA PELA AMIZADE E CONFIANÇA DE TANTOS ANOS. Você é mais uma irmã que tenho fora de casa. E eu AMO VOCÊ DEMAIS!!!!!!!!!! Paz, amor, saúde e sucesso!!!!! Fique com Deus. Beijinhos.

5 comentários:

  1. Má,
    Estou realmente sem palavras, as lágrimas aqui são involuntárias... Ah, minha cara, é muita emoção poder ler isso e relembrar esses episódios de nossas vidas.
    Essa semana mesmo estava pensando nos amigos que vão e aqueles que ficam para sempre. Lembrei daqueles que apareceram por afinidades em comum, mas quando aquele contexto terminou, a vida nos afastou.
    Fico muito feliz e emocionada ao ver que não foi apenas o Emílio, o curso de Direito e os concursos que nos uniram, a vida foi muito mais grata comigo e me presenteou com alguém como você, que como você diz é igualmente "passional e sonhadora". E são pessoas como você que estão sempre do nosso lado, nos momentos difícieis, como foi aquele incerteza do vestibular e aquilo era apenas uma amostra grátis de todos os desafios que já enfrentamos e ainda temos pela frente...
    No campo pessoal, muito obrigada por estar sempre de coração aberto para ouvir, aconselhar, chorar junto e claro, rir, rir muito... Não tenha dúvida de que você é uma pessoa diferenciada, porque por mais que você não concorde, você respeita. Você é daquelas que nunca vai merecer uma desculpa esfarrapada. Obrigada por me deixar ser eu mesma!
    Pode ter certeza que sua família também é muito importante para mim, é sempre maravilhoso perguntar uma opinião para a Dona Ivani, sempre moderna e sensata.
    Obrigada também por estar comigo nessa nova fase de mulher independente... Eu sempre tentando...
    E claro, de coração, muito obrigada por você existir na minha vida!
    EU AMO VOCÊ!!!
    Bjinho

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  2. Oi Ma!

    Até eu que não conheço a Miriam fiquei emocionado.
    Saudades de vc...

    Beijos

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  3. Ai, ai, ai...
    Peço licença à dona do blog para também tecer aqui minhas impressões pela Srta. (rsrs) Miriam Adabo.

    Começo o meu “post” com uma frase que traduz bem a evolução dos meus sentimentos pela Miriam. A frase é a seguinte: "Guarde bem as primeiras impressões, mas considere somente as últimas."

    Logo que fomos apresentadas, a Miriam me tratou de jeitão super sério, meio marrancudo...
    Eu, que já vinha de um histórico não muito feliz no nosso Parquet, fiquei imaginando que ela fosse a cópia do nosso estimado (rsrs), nem preciso dizer quem, né?
    Eu até cheguei a falar para o Dr. Daniel que eu temia que a nova componente do nosso gab. fosse como muitas pessoas que nos deparamos no MPT.

    Grande surpresa.
    Acho que em menos de 1 semana de convivência, já tinha a impressão de que a Miriam era minha amiga de décadas.

    Não sei quanto a você, Miriam, mas eu não consigo, sinceramente, lembrar quando foi que trespassamos a barreira do formalismo para nos tratarmos como nos tratamos hoje em dia.

    Com o passar dos tempos, fui percebendo que a escolha da servidora para compor o gab. tinha sido mais que perfeita.
    Fui me afeiçoando cada vez mais ao seu jeito de ser. E percebi que em muitaaaas coisas nós somos muito parecidas...
    Os meses foram passando... nossa afinidade foi crescendo.... e hoje, acho que não tem assunto que eu não tenha dividido com você...

    Nossas risadas das balzaquianas da vida, nossa ira do bombadinho, nossa parceria em falar das pessoas mais adorááááááááááveis daquela PRT, nossas saborosas sessões de batata country, nossas tardes de sorvete, nossos cadastros em site de compras coletivas (coisa que todo mundo conhecia menos eu e você), nossos papos sobre o meu namorido e sobre as minhas dúvidas, nosso sofisticado brunch, nossos lanchinhos à tarde, nossa filiação ao fã clube do Dr. Daniel, do qual somos fundadoras e presidentas, você me ensinando a ser uma Heloísa.... enfim foram quase 10 meses de uma relação que eu comecei achando que ia ser um saco e que eu, agora, quero que dure para sempre, sempre mesmo.

    Miriam, confesso que é com lágrimas nos olhos que eu escrevo esse “post” para você, se eu pudesse seria sua estag Poliana/Sandy para sempre. Esse tempo que passei dividindo a antessala do Dr. Daniel com você foi muitoooooooo bom, alegre e me fez crescer demais.

    Eu saia do Mackenzie com raiva por ter que pegar um ônibus lotado, por ter que comer a comida podre (rsrs) da minha mãe, mas ao chegar ao MPT sempre me divertia com você. E muito.

    Você é uma pessoa maravilhosa, divertida, legal, amiga, preocupada com os outros, honesta, engraçada e que vai fazer muita falta na minha vida. Quisera eu poder dividir o meu próximo posto de trabalho com uma pessoa como você.

    Espero que a gente possa continuar solidificando a nossa HIALINA (rsrs) amizade por muito e muito tempo.

    E saiba que você estará para sempre no meu coração.

    Ah, e como diz a frase que eu coloquei lá em cima, as minhas últimas impressões que eu tenho de você são as melhores possíveis... Foi, quer dizer, É UM ENORME PRAZER TER TE CONHECIDO e poder dividir parte da minha vida com você.

    Não consigo mais escrever, as lagriminhas estão aumentando....

    Muito obrigada por tudo, Miriam...
    Gosto muitooooooooooooo de você.
    Um grande beijo da sua estag.
    Ju

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  4. A licença está dada, adorei seu comentário, a Miriam merece.
    P.S: Miriam, que história é essa de receber a menina com cara "carrancuda"? Essa história me lembrou ao nosso querido Emílio: carrancudo, mas adorável.Rs...

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  5. Ah, trabalho é trabalho...Não é lugar de folia! Até parece...rs
    Agradeço às duas por todas essas palavras postadas aqui que tanto me emocionam! :)

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